por que tantos nao se importam

Nesses não poucos anos acompanhando estudantes e jovens profissionais sendo inseridos no mercado de trabalho, algo vem assustadoramente crescendo : a falta de atenção à leitura e deficiência de interpretação.

Porque tantos não se importam com a interpretação da leitura, resolvi compartilhar minhas percepções “no papel”.

Não tenho a pretensão de elucidar o porquê das novas gerações negligenciarem esta competência, mas mostrar a esses jovens um pouco da percepção de gestores, profissionais de RH e do mercado sobre o tema. O intuito, caso este texto seja lido, é colaborar com essas gerações a fim de que comecem a ver (ler) as coisas com um interesse mais legítimo, pois o contrário é prejudicial a todos.

Para gerir processos, pessoas e negócios toda empresa prepara materiais de leitura aos estudantes e profissionais, sejam orientações, roteiros, processos de negócio ou técnicos, matérias profissionais e educativas, entre outros.

Peguemos materiais de orientação e roteiros como exemplo: o objetivo desses é fazer com que o profissional tenha as informações necessárias para executar uma tarefa simples. Para atingir tal objetivo as orientações são detalhadas com base na experiência do usuário, de forma que o outro consiga colocar a ação em prática da forma mais assertiva possível. Claro que após uma leitura “minuciosa” podem surgir dúvidas que devem ser questionadas, esclarecidas e assim, o roteiro é otimizado.

Mas o que de fato vemos cada vez mais ?

Por que tantos não se importam

1. O profissional nem lê o material, “achando” que já sabe o que tem a fazer

Muitas vezes essa percepção é baseada na interpretação sobre algum comentário de uma outra pessoa. Outras vezes, baseada numa experiência anterior que ele “acha” que é semelhante. A causa real dessa atitude é a preguiça em “querer entender” o que lhe foi entregue. Esses profissionais querem “fazer” sem “entender”, pois para eles não interessam os motivos de fazer de uma certa forma desde que esteja sendo feito de qualquer forma. Entender dá trabalho.

Em geral este estudante ou profissional vai ter uma dúvida e perguntar ao gestor “exatamente” o que já está escrito.

2. O profissional lê mas não assimila sua responsabilidade, não seguindo o que foi orientado

Para entender profundamente esse caso teríamos que conversar sobre a forma de leitura da atualidade e o processo educacional, que não é meu objetivo, mas quero falar de um comportamento das novas gerações.

As gerações Millenium e Z foram educadas por pais que, em tese, fazem tudo por eles, resolvendo todos os seus problemas. Os estudantes e profissionais dessas gerações querem fazer só o que acham interessante, o que for chato e burocrático deve ser feito por alguém mais velho, um tutor. Veja como esses jovens sabem fazer tudo nas mídias sociais (instagram, facebook, twitter, etc), interesse perpétuo deles, mas incapazes de achar e tentar utilizar uma opção num “app” ou software corporativo. Ele crê que não há problema algum em “não tentar” ou “não fazer”, afinal, ele vai pedir que alguém mostre o que deve ser feito, alguém irá resolver por ele.

Por que tantos não se importam

3. O profissional lê ou não lê, mas ajusta a realidade ao que lhe é verossímil

Este é um traço comportamental facilmente percebido nas mídias sociais e polarização de ideias.

O profissional entende o que ele acredita ser a “verdade dele”, não conseguindo perceber o que o outro quer dizer e precisa. Há um pré-julgamento que interfere na interpretação do que é orientado no roteiro.

Tal comportamento está tão enraizado que o profissional não enxerga mesmo o que está claramente explicado. Ele é capaz de repetir o que lê mas não admitir que está claro ou correto.

O problema nessas atitudes é que, em quase 100% das vezes, o resultado não será o esperado e irá gerar retrabalho a ele e aos demais envolvidos. Retrabalho é tempo perdido em algo que já deveria ser passado. Retrabalho é deixar de fazer outra coisa mais importante. Retrabalho é desestimular, é trazer insatisfação e stress. Retrabalho é ser improdutivo. É perder dinheiro.

Evidente que muitos estudantes e profissionais agem de forma produtiva e esses vão se destacar, pois facilmente os gestores percebem suas atitudes. E não se enganem, isso é percebido desde os primeiros momentos.

Então por que as empresas contratam esses profissionais ?

Vários são os motivos para esses novos profissionais serem admitidos no mercado de trabalho. Acontece que, se esta deficiência permanece, tais profissionais não durarão muito tempo na empresa e não serão capazes de contribuir.

Uma das funções da empresa é auxiliar esses novos profissionais na sua educação corporativa e comportamental, mas se eles próprios não se esforçarem, seus objetivos profissionais nunca serão atingidos, nem os da empresa e a jornada será bem curta.

Para não me alongar muito mais, quero deixar algumas sugestões

  • Leiam e RELEIAM quantas vezes necessárias. Quando lemos ou assistimos um filme ou palestra, nossa mente relaciona essa nova informação às nossas experiências passadas, levando-nos a um diálogo interno. Durante este diálogo interior deixamos de prestar atenção no que está sendo dito ou lido e “perdemos informação”. Reler ou rever fará você pegar aquilo que sua mente perdeu, enquanto você “viajava” nos pensamentos. Já percebeu como você enxerga novas coisas ao rever um filme que você gosta ?
  • Tem dúvida após ler ? Releia como se você “nunca tivesse lido” aquele texto.
  • Continua com dúvida e tem certeza que não há nada no texto que explique ? Então pergunte “com base” e sugira mudanças.
  • Lembre que sempre há um bom motivo para algo ser feito de uma certa forma, mas se você enxerga uma forma melhor, questione, ponha em dúvida, não se acomode.
  • Seja curioso com o que você leu e aprendeu. Um gestor, percebendo que você realmente se esforçou em entender, te apoiará num erro. Por outro lado, se você erra sem se esforçar, perderá muitos pontos com ele.
  • Goste do gestor que responde fazendo uma nova pergunta, obrigando-o à pesquisa. Quando pesquisamos aprendemos muito mais do que estamos procurando. Veja que essa é uma forma de educar o profissional a pesquisar e interpretar.
  • O RH e seu gestor se falam.

Ler e interpretar bem é tornar-se autossuficiente, é deixar de ser servo, cria uma base sólida para você criticar, mudar o mundo a sua volta e destacar-se entre milhares.

sherlock_holmes

“É um erro capital teorizar antes de ter dados. Insensivelmente, começa-se a distorcer fatos para ajustá-los a teorias, em vez de teorias para que se ajustem a fatos.”

Sir Arthur Conan Doyle

Se você concorda, discorda ou tem alguma observação, deixe seu comentário.

Wagner Prado

Wagner Prado

GESTOR, MASTER COACH, MASTER PNL, ANALISTA COMPORTAMENTAL

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Por que não aprendemos com nossos erros?